«Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e encontrareis; batei, e hão-de abrir-vos» (Mt 7,7). É o que o Senhor Jesus nos diz neste texto de hoje. Por isso, meu irmão e minha irmã, esforça-te por agradar o Senhor, espera-O interiormente sem te cansares, procura-o por meio dos teus pensamentos, exerce violência sobre a tua vontade e as suas decisões, domina-as para que tendam continuamente para Ele, e verás como Ele vem junto de ti e aí estabelecerá a sua morada (cf. Jo 14,23).
Cristo ficará observando o teu raciocínio, os teus pensamentos, as tuas reflexões, examinando a forma como o procuras, se é com toda a tua alma ou com moleza e negligência. E, quando vir que O procuras com ardor, imediatamente se manifestará a ti, te aparecerá, te concederá o seu auxílio, te dará a vitória e te livrará dos teus inimigos.
Com efeito, quando tiver visto como tu O procuras, como n’Ele depositas continuamente toda a tua esperança, então instruir-te-á, ensinar-te-á a verdadeira oração, dar-te-á essa caridade verdadeira que é Ele mesmo. Tornar-se-á, então, tudo para ti: paraíso, árvore da vida, pérola preciosa, coroa, arquiteto, cultivador, um ser sujeito ao sofrimento, mas não abatido por ele, homem, Deus, vinho, Água Viva, Esposo combatente, armadura, Cristo, “tudo em todos” (cf. 1Cor 15,28).
Tal como uma criança não pode se alimentar nem cuidar de si mesma, mas só pode olhar chorando para sua mãe até que seja tocada de compaixão e se ocupe dela, assim as almas crentes esperam sempre em Cristo e lhe atribuem toda a justiça. Tal como “o sarmento seca se for separado da videira” (Jo 15,6), assim faz aquele que quer ser justo sem Cristo. Tal como o que é “um salteador e um ladrão que não entra pela porta, mas passa por outro sítio” (Jo 10,1), assim acontece com o que se quer tornar justo sem Aquele que justifica.
“Presta atenção às minhas palavras, Senhor!” (Sl 5,2). Tu vieste não só por piedade para com o teu povo Israel, mas para salvar todas as nações. Não só para restaurar uma parte da terra, mas para renovar o mundo inteiro. Por isso, “presta atenção às minhas palavras, Senhor!” Não rejeites a minha súplica como indigna; não recuses a minha oração. Eu não peço ouro nem riquezas. É desejando o amor e o respeito por Ti que clamo sem cessar: “Presta atenção às minhas palavras, Senhor!”
Israel gozou dos teus bens; também eu farei a experiência dos teus benefícios. Conduziste-o para fora do Egito; retira-me a mim do erro. Resgataste-o do Faraó; liberta-me do autor do mal. Guiaste-o com a coluna de fogo; ilumina-me com o teu Espírito Santo. Israel comeu o pão dos anjos no deserto; dá-me o teu Corpo santíssimo. Ele bebeu a água do rochedo; sacia-me com o Sangue do teu lado. Israel recebeu as tábuas da Lei; grava o teu Evangelho no meu coração.
“Presta atenção às minhas palavras, Senhor! Atende o meu grito!” Graças a esse grito, Moisés tornou a criação aliada do teu povo; graças a esse clamor, Josué travou o curso do sol (Js 10,12); graças a esse grito, Elias tornou estéreis as nuvens do céu (1Rs 17,1); foi graças a esse lamento que Ana deu à luz um filho, contra toda a esperança (1Sm 1,10s). “Senhor, atende o meu clamor!”
Padre Bantu Mendonça
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